Que papel tem tido o Departamento de Ciências da Educação (DCE) no desenvolvimento dos Açores, nomeadamente ao nível do sistema educativo regional?
É indiscutível e inestimável o contributo do Departamento de Ciências da Educação (DCE) e da Universidade dos Açores em geral para o desenvolvimento dos Açores e não apenas ao nível educativo, pois, como sabemos, a melhoria dos níveis de literacia das populações constitui um fator fundamental de desenvolvimento e sustentabilidade social, económica e cultural. O DCE escreveu a história da formação de professores na região nas últimas três décadas, cumprindo com os objetivos e a missão da Universidade dos Açores de contribuir para a qualificação dos quadros superiores da função pública regional. Se hoje a Região tem um quadro docente qualificado nas escolas em muito o deve naturalmente à existência, esforço e persistência da Universidade dos Açores, quer através do DCE quer de outras unidades orgânicas que o antecederam ou que com ele coexistiram durante algum tempo, como o CIFOP (Centro Integrado de Formação de Professores). Nesta matéria, a instituição e o DCE fizeram investimentos significativos, quer no que respeita ao alargamento quer à qualificação do seu quadro docente. O DCE conta hoje com 24 docentes de carreira, todos doutorados, sendo atualmente pontual o recurso a docentes externos.
Acresce que os investigadores do DCE têm dado um contributo significativo para a melhoria do sistema educativo regional, quer correspondendo de forma pronta e disponível às solicitações do governo regional para integrarem e/ou coordenarem equipas de trabalho que têm como missão contribuir para a reflexão, avaliação e melhoria da qualidade dos processos e resultados educativos, quer correspondendo às solicitações de apoio e formação das próprias escolas e docentes da Região, com as quais temos relações de cooperação muito profícuas, quer ainda desenvolvendo investigação que tem privilegiado o estudo de problemáticas relevantes para a Região, quer ao nível do ensino, quer da formação docente e da psicologia educacional, tendo sempre em vista contribuir para o desenvolvimento desta.
Quais os principais desafios que o departamento tem pela frente?
Os desafios que o DCE enfrenta hoje decorrem em larga medida do momento crítico que atravessamos na região e no país, com grande impacto na sustentabilidade financeira da Universidade dos Açores e das instituições de ensino superior em geral. Mas derivam também de outros fatores que afetam o panorama educativo nacional, tais como o decréscimo demográfico e a reorganização da rede escolar e o consequente decréscimo da necessidade de docentes nas escolas, com algum impacto ao nível da empregabilidade dos nossos graduados. Também ao nível da formação pós-graduada, predominantemente orientada para professores, o DCE tem visto diminuir a procura, considerando os cortes de vencimento na função pública, a crescente instabilidade e incerteza relativamente ao futuro dos profissionais de educação, bem como a falta manifesta de incentivos à formação contínua docente. A progressiva internacionalização da investigação e a sustentabilidade da delegação do DCE em Angra também se apresentam grandes desafios do Departamento e da Instituição.
Como se pretende afirmar o DCE no mundo universitário, por via duma clara vantagem competitiva, no que concerne à sua oferta letiva e centros de investigação?
Embora os tempos sejam críticos, a procura dos nossos cursos de formação inicial em Educação Básica e Psicologia tem-se mantido em níveis muito satisfatórios, e estas constituem mesmo duas das licenciaturas da Universidade dos Açores que mais facilmente têm preenchido as vagas na 1.ª fase de candidaturas ao ensino superior, facto que não é de menosprezar. Ainda assim, e em face do que registei atrás, o DCE terá de persistir no esforço de adequação e diversificação da sua oferta formativa que tem vindo a desenvolver (em 2012, criámos a Pós-graduação em E-learning; em 2013, conseguimos a acreditação dos mestrados em Ensino de História e de Geografia no 3.º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário e em Ensino de Filosofia no Ensino Secundário; recentemente, abrimos no polo de Angra um CET em Acompanhamento de Crianças e Jovens, e estamos em processo de acreditação de um novo curso de licenciatura em Educação Básica e de Mestrado em Educação Pré-escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico, com vista a incrementar a qualidade e adequação da nossa oferta formativa). Impõe-se, pois, neste momento repensar a restante oferta formativa do Departamento, tendo em vista o aumento da sua atratividade e a captação de outros públicos dentro e fora da região. No mesmo sentido irá o esforço de criação de outras formações, que deverá passar naturalmente pelo estabelecimento de parcerias com outras unidades orgânicas da Universidade e com eventuais parceiros externos.
Como perspetiva a presença do DCE no Campus de Angra do Heroísmo nos próximos anos?
A existência de uma delegação do DCE em Angra do Heroísmo constituiu e constitui indubitavelmente um fator promotor da coesão regional e de um acesso mais democrático e justo da população açoriana a formação em educação, pela descentralização de alguma oferta formativa. Contudo, a manutenção da oferta formativa do DCE em Angra não depende de boas vontades; implica custos que, no panorama atual, se tornaram mais difíceis de suportar. Há resoluções a tomar nesta matéria e estas vão, naturalmente, para além da vontade e capacidade de decisão em exclusivo do próprio Departamento. Impõe-se para já uma reflexão aprofundada sobre o assunto que permita encontrar uma solução equilibrada.
Embora os tempos sejam críticos, a procura dos nossos cursos de formação inicial em Educação Básica e Psicologia tem-se mantido em níveis muito satisfatórios, e estas constituem mesmo duas das licenciaturas da Universidade dos Açores que mais facilmente têm preenchido as vagas na 1.ª fase de candidaturas ao ensino superior, facto que não é de menosprezar. Ainda assim, e em face do que registei atrás, o DCE terá de persistir no esforço de adequação e diversificação da sua oferta formativa que tem vindo a desenvolver (em 2012, criámos a Pós-graduação em E-learning; em 2013, conseguimos a acreditação dos mestrados em Ensino de História e de Geografia no 3.º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário e em Ensino de Filosofia no Ensino Secundário; recentemente, abrimos no polo de Angra um CET em Acompanhamento de Crianças e Jovens, e estamos em processo de acreditação de um novo curso de licenciatura em Educação Básica e de Mestrado em Educação Pré-escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico, com vista a incrementar a qualidade e adequação da nossa oferta formativa). Impõe-se, pois, neste momento repensar a restante oferta formativa do Departamento, tendo em vista o aumento da sua atratividade e a captação de outros públicos dentro e fora da região. No mesmo sentido irá o esforço de criação de outras formações, que deverá passar naturalmente pelo estabelecimento de parcerias com outras unidades orgânicas da Universidade e com eventuais parceiros externos.
Como perspetiva a presença do DCE no Campus de Angra do Heroísmo nos próximos anos?
A existência de uma delegação do DCE em Angra do Heroísmo constituiu e constitui indubitavelmente um fator promotor da coesão regional e de um acesso mais democrático e justo da população açoriana a formação em educação, pela descentralização de alguma oferta formativa. Contudo, a manutenção da oferta formativa do DCE em Angra não depende de boas vontades; implica custos que, no panorama atual, se tornaram mais difíceis de suportar. Há resoluções a tomar nesta matéria e estas vão, naturalmente, para além da vontade e capacidade de decisão em exclusivo do próprio Departamento. Impõe-se para já uma reflexão aprofundada sobre o assunto que permita encontrar uma solução equilibrada.
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