Ana Fuentes Sanchéz, conhecida como Anushka entre os seus amigos e colegas, apresentou na passada sexta-feira (8 de fevereiro) a dissertação de mestrado intitulada “Estudo Preliminar da Sustentabilidade das Cidades dos Açores”, orientada pelo Prof. Doutor Tomaz Dentinho e pela Prof. Doutora Rosalina Gabriel. O júri, constituído pelo Prof. Doutor Álamo Meneses, pela Prof. Doutora Emiliana Silva, pela Prof. Doutora Ana Arroz e pelos orientadores aprovou a tese, com nota de 18.
Em primeiro lugar, parabéns, Ana, por teres concluído com sucesso esta etapa. Fala-nos um pouco do teu percurso… foste Erasmus durante a tua licenciatura, e depois optaste por um mestrado nos Açores. Como é que chegaste cá?
Tirei biologia em León e fiz Erasmus em Bragança durante este curso. Depois aproveitei o Erasmus para fazer Engenharia do Ambiente em Bragança. Voltei a Espanha e trabalhei para a Conselleria de Medio Ambiente de Cantábria num centro de educação ambiental, mas entretanto ganhei uma bolsa Leonardo da Vinci e fui trabalhar para a Guarda numa empresa de exploração e manutenção de fito-ETARs e de espaços verdes. Quando acabei este estágio, ligaram-me a informar que tinha ganho a bolsa Eurodisseia, para trabalhar no então Gabinete para a Conservação e Gestão da Natureza, na UAç.
Fui ‘enganada’ (risos) pelo Prof. Tomaz para fazer o mestrado em Gestão e Conservação da Natureza. Quando acabei o Eurodisseia ganhei uma bolsa Estagiar L e fiquei a trabalhar para a Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional e em outros projetos, como o da 'Alteração do Leito da Ribeira da Agualva' e o PDM do Huambo.
A tua tese versa sobre os aspectos da sustentabilidasde das cidades açorianas. Como surgiu esse tema? Que aplicações vês para o teu trabalho?
O tema surgiu na sequência de um trabalho semelhante que se planeava ser feito em Espanha, mas cujo projecto foi abortado. Pensamos que conseguíamos aplicá-lo aos Açores, e eu encarreguei-me de o fazer nas cinco cidades dos Açores (a Lagoa ainda não tinha sido elevada a cidade).
Não tive apoio financeiro para propinas, nem para as viagens que tive de fazer para as outras ilhas. A minha sorte foi que sendo menor que 30 de anos tive viagens baratas, e tendo amigos em várias ilhas tive estadia grátis muitas das vezes. É uma experiencia gira e foi muito bom fazer eu própria os inquéritos, deu-me muita informação para comentar os resultados. O fazer os inquéritos em pessoa dá uma sensibilidade muito maior do que fazê-los por email. Por exemplo, eu não conhecia a cidade da Ribeira Grande, mas assim que lá cheguei percebi que algo estava a acontecer.
É bom que eu não seja açoriana porque me dá alguma distância da ‘açorianidade’ e mais objectividade, embora goste imenso desta terra e a minha integração cá tenha sido muito boa.
Na minha tese, concluí, entre outras coisas, que a sustentabilidade urbana só se pode tratar a nível local. Por exemplo, a Praia da Vitória e Angra do Heroísmo estão muito próximas mas tem de ser tratadas separadamente porque têm necessidades diferentes. A metodologia usada é muito boa para quantificar a subjectividade das pessoas e avaliar o que as pessoas pensam das suas cidades. A maioria das pessoas mostrou-se insatisfeita com a sua cidade e identificam o desenvolvimento sustentável mais com os aspectos ambientais e económicos do que com os sociais.
Por fim, que planos para o futuro? O que gostarias de fazer?
Na verdade, não sei ainda para onde virar-me. Acabei agora e com a crise tão grande que temos não sei… Em Espanha as coisas estão mesmo mal. Quando saí de Espanha, enviavas 4 currículos, chamavam-te para 3 e ficavas em um emprego. Hoje envias 40 currículos e nenhum te chama. Gostaria de trabalhar em investigação e talvez fazer um doutoramento, embora a investigação científica seja muito dura e nem sempre se perceba todo o trabalho que está por trás.
Como última nota, embora tenha gostado muito de cá estar, e tenha tido grande apoio dos professores e colegas, a Universidade dos Açores não está preparada para receber estudantes estrangeiros. Não há um modelo para o suplemento ao diploma em inglês, que é obrigatório no plano Bolonha, e não pude obtê-lo.
Tenho de agradecer ao Prof. Tomaz pela sua ‘pancada’ (risos) e à Prof. Rosalina pelo seu envolvimento e apoio e a todas as pessoas que participaram directa ou indirectamente na tese.
Obrigada, Anushka, pela entrevista, e votos do maior sucesso!
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