Texto da autoria de Pedro Gonçalves Almeida
Aluno do 2º Ano Enfermagem
Esta reflexão relata a minha
primeira experiência de ensino clínico, com pessoas em situação de doença, a
forma como lidei com elas e o modo como encaro este processo. Realizei-o em
contexto hospitalar e num centro de saúde.
Nos primeiros dias em contexto
hospitalar, tinha muitas expetativas, mas não contava sentir um impacto tão forte. Deparei-me com “casos
delicados” e senti que, dada a minha inexperiência deveria, não só mobilizar os
conhecimentos adquiridos durante o período teórico, como também estar atento às
orientações das enfermeiras tutoras. Estas, também me ajudaram a estabelecer
relações satisfatórias com os utentes com quem lidava diariamente.
Aprendi a refletir sobre a
construção dos cuidados de enfermagem e familiarizei-me com a dinâmica do
contexto hospitalar, o que melhorou o meu desempenho.
As reuniões que tive com as
orientadoras ajudaram-me a perceber as estratégias a adotar, e a sentir-me cada
vez melhor para ajudar os utentes, nomeadamente no que se refere ao controle da
minha ansiedade. Certos utentes foram capazes de perceber que eu era pouco
experiente, mas que me esforçava por dar respostas adequadas às suas
necessidades.
Interessaram-se por mim e, estar
com elas, fez-me sentir que é assim o processo de cuidar. Progressivamente,
construiu-se uma relação de ajuda que facilitou a minha inserção naquele
contexto.
Tive consciência de que é
necessária muita “bagagem” teórica para prestar cuidados de enfermagem e
intervir fundamentadamente, pelo que aprofundei os meus conhecimentos
conversando com as orientadoras e pesquisando autonomamente. O incentivo
motivou-me e fez-me perceber que os meus déficits de conhecimentos podiam ser
colmatados, conjugando a experiência com a investigação, visto que em cada caso
existem especificidades que requerem uma adequação dos conhecimentos teóricos
investigados.
Numa segunda fase do Ensino
Clínico e já no centro de saúde, a adaptação foi mais fácil, embora a minha
desinibição tivesse de ser um pouco maior para conseguir desenvolver os
cuidados de enfermagem adequados às necessidades dos utentes. Neste contexto,
foi de especialmente importante a educação para a saúde, pois a partilha de
informações potencia mudanças de hábitos capazes de melhorar a qualidade de
vida. A simpatia e abertura de alguns utentes que tiveram em atenção as
recomendações que lhes foram feitas, fez-me experienciar momentos especialmente
gratificantes. No entanto, deparei-me também com pessoas mais relutantes ou com
situações mais delicadas que necessitavam de apoio especializado.
Como tenho vindo a partilhar, o
Ensino Clínico é um processo moroso que exige autoaperfeiçoamento.
Vai-se
adquirindo experiência e noção da realidade, para se conseguir ter segurança e
iniciativa na prática clínica. O aconselhamento dos orientadores, em contexto
clínico, é fundamental para se poder amadurecer e atingir o nível de
performance que pretendemos. Embora este processo seja exigente, acaba por ser
recompensador, pois está a contribuir-se para o bem-estar dos utentes que
necessitam de ser compreendidos e acompanhados bem como para a nossa realização
pessoal.
Por fim, afirmo que o Ensino
Clínico contribuiu para que desenvolvesse uma noção diferente da abrangência da
profissão para a qual estou a formar-me. É evidente que é exercendo os cuidados
de enfermagem que se consegue mobilizar os conhecimentos aprendidos e
simultaneamente, ao lidar-se com uma diversidade de pessoas, aperfeiçoarmo-nos
e alargarmos a nossa perceção da realidade dos cuidados de enfermagem
construídos com e para os cidadãos.
Texto publicado no Diário Insular em 09/01/2014
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