2014/01/12

Quadro décadas de fundação: a Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo




Texto da autoria da Enfermeira Rosa Pinto
Professora Coordenadora na ESEnfAH-UAc

Decorria a década de 70, Portugal vivia acontecimentos marcantes rumo à democracia e abertura ao mundo. Na ilha Terceira um grupo de enfermeiros, médicos e líderes da comunidade, face à carência de pessoal de enfermagem existente, e à unificação da carreira de enfermagem, decidiu propor a Lisboa a criação de uma Escola de Enfermagem. 

O Dr Hélio Flores Brasil referia as enormes dificuldades que tiveram para justificar a existência de mais uma escola na região, contudo um lema acompanhava aquele grupo “Para que no futuro não nos acusem que não fizemos nada, vamos prosseguir”. 

Foi assim que no ano de 1973 surge a Escola de Enfermagem de Angra do Heroísmo (Decreto-Lei nº 569/73 de 30 de Outubro), tendo iniciado a sua atividade pedagógica, no âmbito da formação Geral de Enfermeiros em 10 de Janeiro de 1977 (data que assume para comemorar o seu aniversário). 

Ao longo das quatro décadas de evolução já não necessita justificar a sua existência porque sempre aceitou desafios locais e nacionais na procura de soluções que correspondiam à sua missão e às exigências no âmbito da formação de enfermeiros e outros profissionais de saúde.

 As diferentes transições foram vivenciadas com a clareza do paradigma de mudança que é exigido às estruturas de formação. Quer intrínsecas à comunidade escolar ou propostas pelo contexto de evolução do ensino superior em Portugal ou na Europa, as transições tiveram sempre um impacto positivo devido a uma dinâmica organizacional pró-ativa e resiliente face às vulnerabilidades e aos fatores protetores relacionados com os seus atores.

Hoje a Região Autónoma dos Açores e a Universidade possuem uma escola dinâmica e confiante no processo evolutivo natural e consciente dos seus desígnios ou seja, enquanto unidade orgânica de carácter politécnico da Universidade dos Açores (desde dezembro de 2008), está vocacionada para promover o desenvolvimento da ciência, da técnica e da cultura, no domínio da saúde através de atividades de formação, da investigação científica e da prestação de serviços de excelência.

A oferta formativa ao longo destas décadas possibilitou a formação a quase dois milhares de profissionais e correspondeu às necessidades de formação em cursos diversos desde o curso geral, bacharelato, licenciatura, curso de complemento de formação, pós-graduações, cursos de educação tecnológica e mestrado. Também se destacou em projetos de investigação e atividades de extensão comunitária.

A Escola formou a maioria dos enfermeiros que integram as unidades de saúde do grupo central e ocidental dos Açores e consegue identificar enfermeiros em latitudes desde o Alasca a Moçambique e em inúmeros países espelhados pelo mundo. O feedback que os mesmos nos devolvem corresponde a um sentimento de competência desenvolvido num ambiente formativo dinâmico, afetivo e exigente que respeitou as singularidades e promoveu o desenvolvimento da disciplina do conhecimento que se chama Enfermagem, capaz de ser exercida em qualquer contexto: cuidados, gestão, formação, investigação e assessoria.

A Escola tem como principal área de formação a enfermagem e viu recentemente o ciclo de estudos conducente ao grau de licenciado em enfermagem ser creditado, por cinco anos, pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior em Portugal (A3E’s).

Num paradigma de mudança que a carateriza e numa resposta efetiva aos contextos e oportunidades ambiciona ser uma Escola Superior Politécnica no Campus da Terceira da Universidade dos Açores, justificando-se plenamente num modelo de organização que privilegie o desenvolvimento harmonioso do arquipélago como região do conhecimento.

Publicado no Diário Insular, em 07/01/2014

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