Texto da autoria da Enfermeira Rosa Pinto
Professora Coordenadora na ESEnfAH-UAc
Decorria a década de 70,
Portugal vivia acontecimentos marcantes rumo à democracia e abertura ao mundo.
Na ilha Terceira um grupo de enfermeiros, médicos e líderes da comunidade, face
à carência de pessoal de enfermagem existente, e à unificação da carreira de
enfermagem, decidiu propor a Lisboa a criação de uma Escola de Enfermagem.
O Dr Hélio Flores Brasil referia as enormes dificuldades
que tiveram para justificar a existência de mais uma escola na região, contudo
um lema acompanhava aquele grupo “Para que no futuro não nos acusem que não
fizemos nada, vamos prosseguir”.
Foi assim que no ano
de 1973 surge a Escola de Enfermagem de Angra do Heroísmo (Decreto-Lei nº
569/73 de 30 de Outubro), tendo iniciado a sua atividade pedagógica, no âmbito
da formação Geral de Enfermeiros em 10 de Janeiro de 1977 (data que assume para
comemorar o seu aniversário).
Ao longo das quatro
décadas de evolução já não necessita justificar a sua existência porque sempre
aceitou desafios locais e nacionais na procura de soluções que correspondiam à
sua missão e às exigências no âmbito da formação de enfermeiros e outros
profissionais de saúde.
As diferentes transições foram vivenciadas com
a clareza do paradigma de mudança que é exigido às estruturas de formação. Quer
intrínsecas à comunidade escolar ou propostas pelo contexto de evolução do
ensino superior em Portugal ou na Europa, as transições tiveram sempre um
impacto positivo devido a uma dinâmica organizacional pró-ativa e resiliente face
às vulnerabilidades e aos fatores protetores relacionados com os seus atores.
Hoje a Região
Autónoma dos Açores e a Universidade possuem uma escola dinâmica e confiante no
processo evolutivo natural e consciente dos seus desígnios ou seja, enquanto
unidade orgânica de carácter politécnico da Universidade dos Açores (desde
dezembro de 2008), está vocacionada para promover o desenvolvimento da ciência,
da técnica e da cultura, no domínio da saúde através de atividades de formação,
da investigação científica e da prestação de serviços de excelência.
A oferta formativa ao
longo destas décadas possibilitou a formação a quase dois milhares de
profissionais e correspondeu às necessidades de formação em cursos diversos
desde o curso geral, bacharelato, licenciatura, curso de complemento de
formação, pós-graduações, cursos de educação tecnológica e mestrado. Também se
destacou em projetos de investigação e atividades de extensão comunitária.
A Escola formou a
maioria dos enfermeiros que integram as unidades de saúde do grupo central e
ocidental dos Açores e consegue identificar enfermeiros em latitudes desde o
Alasca a Moçambique e em inúmeros países espelhados pelo mundo. O feedback que
os mesmos nos devolvem corresponde a um sentimento de competência desenvolvido
num ambiente formativo dinâmico, afetivo e exigente que respeitou as
singularidades e promoveu o desenvolvimento da disciplina do conhecimento que
se chama Enfermagem, capaz de ser exercida em qualquer contexto: cuidados,
gestão, formação, investigação e assessoria.
A Escola tem como
principal área de formação a enfermagem e viu recentemente o ciclo de estudos
conducente ao grau de licenciado em enfermagem ser creditado, por cinco anos,
pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior em Portugal (A3E’s).
Num paradigma de
mudança que a carateriza e numa resposta efetiva aos contextos e oportunidades
ambiciona ser uma Escola Superior Politécnica no Campus da Terceira da
Universidade dos Açores, justificando-se plenamente num modelo de organização
que privilegie o desenvolvimento harmonioso do arquipélago como região do
conhecimento.
Publicado no Diário Insular, em 07/01/2014
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