2014/02/07

Candidatos a Reitor - Entrevista ao Professor Alfredo Borba




O "Há Vida no Campus!" inicia hoje uma série de entrevistas aos
três candidatos ao cargo de reitor da Universidade dos Açores. 
Começamos com o Alfredo Borba, professor catedrático.

 
1 - Quais são as suas prioridades imediatas para este mandato?

As questões de ordem económico-financeira são prementes, e devem ser tidas como prioritárias desde o primeiro momento. Não nos podemos esquecer que a Universidade está sujeita a um “Programa de Recuperação Financeira” que a obriga a atingir alguns objectivos no espaço de três anos.

É, no entanto e no plano interno, necessário a institucionalização de uma política que reconcilie toda a estrutura universitária, em particular os estudantes, para que estes participem mais ativamente na vida da Instituição e contribuam para a promoção da qualidade do ensino e da investigação.

Este esforço de reconciliação implica, igualmente, a criação de condições proporcionadoras de uma maior estabilidade dos docentes, procurando estabelecer a pirâmide de carreiras, de acordo com o ECDU, pelo que se deve pugnar pela abertura de vagas para Professores Associados, em primeiro lugar, e de seguida para Professores Catedráticos. Nas áreas fundamentais para a prossecução dos objetivos de Ensino e Investigação da Universidade dos Açores, devem ser admitidos novos docentes, pois uma instituição sem renovação, mesmo que moderada, morre. No que concerne à situação do ensino politécnico pensamos que, de momento, a pirâmide se encontra estabilizada. Porém, sempre que se justifique, será dada atenção à sua estabilização.

É necessário, também, dar estabilidade aos Quadros Técnicos, evitando transferências de quadros altamente qualificados, como se observa presentemente. Urge promover a sua formação, garantir a sua progressão profissional e, eventualmente, equacionar novas contratações, quando tal se justifique.

É necessário apoiar as atividades de investigação, uma investigação empreendedora que dê resposta às necessidades da sociedade e do tecido empresarial açoriano, uma investigação que promova a inovação que é necessária em diferentes setores da economia e áreas da sociedade açoriana. Para garantirmos a excelência da produção científica torna-se imperioso continuarmos a pugnar pelo seu reconhecimento nacional e internacional mas, também, rever as regras de execução financeira dos projetos e garantir apoio a uma gestão financeira eficaz das Unidades de Investigação. Uma investigação científica de qualidade constitui um poderoso fator de atração de estudantes, sobretudo a nível da formação pós-graduada.


2 - Qual é a sua estratégia no médio-longo prazo? Como vê temas como a tripolaridade, o financiamento da investigação, e o ensino politécnico?

A longo prazo, sito é no fim do mandato, pretendemos, como está previsto no Programa de Acção “Uma instituição posicionada para uma evolução no ensino e na investigação, de nível internacional, com contas equilibradas e mecanismos de programação e acompanhamento que garantam a responsabilidade e a estabilidade, num percurso de evolução positiva”.

Em resposta à sua pergunta concreta, penso que a tripolaridade é um dado adquirido, é o cerne da identidade da Universidade dos Açores e dá-lhe uma dimensão verdadeiramente arquipelágica. 

A Investigação científica será sempre, como não poderia deixar de ser, uma dos pilares da Instituição. No entanto, neste momento exige-se da investigação um maior contributo para o financiamento da Universidade dos Açores. As Fontes de financiamento da investigação são, as de sempre, no entanto, temos a particularidade e a oportunidade de estar neste momento a iniciar um novo Programa Quadro Comunitário, o 8º, no qual a União pretende reforçar a base científica e tecnológica europeia e promover os benefícios para a sociedade, tendo-o dotado de uma orçamento de 70,2 mil milhões de euros, o que representa uma acréscimo de 40% em relação ao anterior.

A Universidade dos Açores enquadra na Região os dois subsistemas de ensino superior (universitário e politécnico), o futuro das duas Unidades Orgânicas de cariz Politécnico, as Escolas Superiores de Enfermagem, vai depender do desejo próprio das mesmas, no entanto, a Universidade deve corresponder, criando condições para tal, aos desafios do momento, que se consubstanciam na criação do Sistema de Ensino Dual, que propõe formações ao nível dos Cursos de Especialização Superior no âmbito do Ensino Politécnico.


3 - Como pretende posicionar a universidade? Que parcerias e alianças lhe parecem mais desejáveis?

A Universidade dos Açores é “Uma universidade na fronteira da cultura europeia e no centro da cultura do Atlântico.” A Universidade dos Açores tem de se reinventar e ter a capacidade de se voltar para o exterior, de construir parcerias, de aproveitar as sinergias que o seu posicionamento geográfico lhe possibilita e promover com as restantes entidades regionais, nacionais e europeias o potencial científico instalado, ajudando à criação de desenvolvimento.

Os tempos atuais, de escassez crescente de recursos, requerem que a Universidade dos Açores se reinvente e congregue a diversidade de interesses e representações em torno de um desiderato comum capaz de a projetar para o exterior, de forma a superar os constrangimentos e as ameaças decorrentes da exiguidade do território, da escassez populacional, da dispersão oceânica e das fragilidades da economia insular e, sobretudo, ganhar unidade e identidade num serviço de excelência e de proximidade.

É essencial a criação de uma política de diálogo permanente e de parceria em particular com os principais agentes culturais, sociais e económicos das várias ilhas, com as Câmaras Municipais e com o Governo dos Açores, capaz de permitir o estabelecimento de Contratos Programas que salvaguardem os interesses da Região Autónoma dos Açores, uma vez que esses são superiores aos interesses particulares dos nossos parceiros, tanto públicos como privados, e da Universidade dos Açores. Propomos ainda a criação de um Conselho da Diáspora Açoriana, como parceiro privilegiado na promoção e na projeção da Universidade dos Açores nos países onde a presença de açorianos, ou seus descendentes, seja relevante, pugnando pela criação de novas parcerias, no ensino como na investigação, em particular com as universidades destas zonas de maior presença de comunidades açorianas, em concreto, nas costas ocidental e oriental dos Estados Unidos e do Canadá, e no Brasil.


4 - Vai haver mudanças na gestão interna da universidade? Na sua estrutura e nos seus órgãos? Se sim, quais.
Há que simplificar e capacitar a estrutura administrativa da Universidade. Quanto à estrutura orgânica, a modificação desta depende de uma alteração estatutária e esta é matéria da competência do Conselho Geral. No entanto, penso que a reitora em diálogo e parceria com o Conselho Geral, deverá promover a auscultação das Unidades Orgânicas, dos Órgãos de Coordenação e Consulta e da Academia, como forma de se encontrar a estrutura orgânica que melhor serve os interesses da instituição.

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