Por Erica Baron
Orelhas - Foto de Noé Branco |
Há vida canina no campus. Sim, há duas criaturas que andam por lá a dizer “olá” aos novos e velhos todas as manhãs, na hora do almoço, e no final de tarde. São a cadela preta e o cão de pêlos longos, que atendem por diferentes nomes dependendo de quem os chama, ela a “Preta” ou “Paquita” e ele o “Velhinho” ou “Orelhas” ou ainda “Chouriço”.
Do Velhinho, como o chamo, lembro-me desde sempre de estar à entrada do edifício da Universidade, ainda na Terra-chã, à espera de um pedaço de pão, o resto do almoço de alguém ou de umas festinhas. Ela apareceu com poucos meses de idade, e foi ficando pelo estacionamento e a fazer companhia para o Velhinho.
Eles não são de raça, nem até são muito bonitos, e há quem diga que ele foi “feito” às “peças de diferentes raças”, no entanto, conquistaram a simpatia de muitos dos alunos, funcionários e alguns professores. A Preta chegou a ter, na Terra-Chã, duas ninhadas com mais de oito cachorros cada uma, que por iniciativa da funcionária Gabriela e de outros que dela gostavam, foram doados a diferentes lares e em seguida, por iniciativa da Ana Santos, minha e de mais oito pessoas, a Preta foi esterilizada. Assim ela pôde continuar por lá, ao lado do seu companheiro, sem problemas e na esperança de conseguir alguém que a adotasse enquanto ainda nova.
Preta, ainda na Terra-Chã - Foto de Ana Santos |
Aquando da mudança do Campus da Terra-Chã para o Pico da Urze, a gosto de uns e a contragosto de muitos outros eles vieram também. Vieram fazer a ronda com os seguranças, que veem neles uma companhia e um “apoio” já que não há quem saia do edifício de noite sem levar um latido. Sinal esse que acaba, depois de falarmos com eles e sermos reconhecidos. Vieram também “dizer” que fazem parte da “família” da universidade, que gostam do movimento e da nossa companhia.
Na Terra-chã, eu e mais meia dúzia de pessoas nos revezávamos na compra de ração que os funcionários da portaria Diniz e Chalana davam a eles no final do dia, assim como produtos para desparasitação interna e externa. Agora no Pico da Urze, por iniciativa de várias pessoas e ação principalmente da Sofia Mendes, da Paula Bailey e do Prof. Barcelos, eles têm cada um, uma casota, um recipiente de água e um de comida, e um “amigo” mensal que doa um saco de ração de 10kg. Em julho do ano passado foi elaborada uma lista com nomes de pessoas da universidade que queriam colaborar com a ração e com dinheiro para a compra dos métodos de prevenção de parasitas, que ia até ao verão desse ano. Assim, só é necessário a colaboração de cada um de nós, de ano a ano, e se simpatizar com a história deles, dê o seu nome à Sofia Mendes e veja qual o mês da sua colaboração e se pode colaborar com dinheiro para a compra de desparasitantes. E sem querer esquecer-me de ninguém, há ainda diversas outras pessoas na universidade que não são nomeadas nesse curto texto mas que fortemente colaboram, de várias maneiras, para o bem-estar da Preta e do Velhinho e para os quais há sempre tempo de abanar a cauda com felicidade.
Ele tem por volta dos doze e ela por volta dos seis anos; ela está esterilizada e tem uma coleira anti-pulgas; ele é desparasitado todos os meses com pipeta, pois já não gosta de usar coleira, está velhinho e com alguma artrite. E apesar de gostarem da nossa companhia, da comida e das festinhas na universidade, adorariam ter uma casa e uns donos “cinco estrelas” só para eles. Assim, se gosta deles e tem condições, pensem em adotá-los, ou colaborem também na tentativa de arranjar-lhes um lar.
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