Ana Rita do Céu Pinheiro realizou as provas de defesa do relatório de estágio do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico no passado dia 22 de junho, sob o título "As Histórias como Estratégia Pedagógica." As provas foram avaliadas por um júri presidido pelo Doutor Pedro Francisco González, sendo vogais os doutores Francisco José Rodrigues de Sousa e Ana Isabel da Silva Santos.
Olá Rita. O que te levou a ingressar neste mestrado? Como surgiu o tema da tua tese de mestrado?
A ingressão neste mestrado vem no seguimento da Licenciatura em Educação Básica, a qual terminei em junho de 2011. Visto que esta licenciatura rege-se pelo processo de Bolonha, não me conferia a possibilidade de me tornar, de facto, educadora/docente. Pelo que, tive a necessidade de obter o Grau de Mestre em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico, para exercer a profissão.
Pelo facto de ser um Mestrado profissionalizante, o trabalho final que realizamos denomina-se Relatório de Estágio, tendo algumas diferenças em relação a uma tese. Pois relaciona-se mais com um trabalho de pesquisa, de observação e de análise, do que com o trabalho de investigação com carácter científico.
O tema escolhido para o meu Relatório de Estagio foi “As história como estratégia pedagógica”, sendo que esta escolha deveu-se ao facto de ter desenvolvido, ao longo do meu percurso académico, algum interesse por uma estratégia de ensino pouco conhecida, o storytelling. Com esta estratégia pretende-se desenvolver o processo de aprendizagem partindo de histórias, que servem de instrumento de integração para a articulação dos vários conhecimentos, das várias áreas de conteúdo. Além disso, tendo em conta experiências de práticas anteriores, considerei que seria mais interessante organizar uma situação de aprendizagem, de forma contextualizada, articulada e significativa para as crianças, se tivesse como ponto de partida uma história.
A tua tese chega a algumas conclusões bastante interessantes. Como é que vês a sua aplicação?
A partir da organização, estruturação, análise, discussão e fundamentação daquilo que foi a praxis que deu origem ao meu relatório de estágio, é-me possível justificar a pertinência de usar as histórias como estratégia pedagógica, pois os seus benefícios são muitos e consistentes. É possível trabalhar todas as áreas de conteúdo de forma articulada e integrada, o que faz com que as aprendizagens ocorram de uma forma contextualizada e façam sentido para as crianças, permitindo que estas posteriormente as apliquem noutros contextos intra e extra escolares. Ou seja, através do storytelling, é possível desenvolver uma aprendizagem útil e eficaz, pois devemos preparar as crianças para a vida e não para provas avaliativas.
A aplicação desta estratégia de ensino é possível e tem resultados benéficos para o desenvolvimento integrado, equilibrado e proveitoso das crianças a três grandes níveis: social, cognitivo e criativo.
Em termos sociais, uma vez que as histórias permitem ampliar o sentido de comunidade, o espírito critico e desenvolver atitudes e valores de forma significativa para as crianças.
Em termos cognitivos, porque as histórias permitem trabalhar conteúdos de diferentes áreas curriculares de forma integrada e contextualizada, facilitando o processo de utilização das aprendizagens noutros contextos.
Em termos criativos, uma vez que as histórias são uma fonte inesgotável de imaginação, onde as crianças podem assumir o papel de um personagem ou simplesmente utilizar ideias e elementos fantasiosos, para criar as suas próprias histórias, expressando-as através de várias formas artísticas.
Para confirmar a aplicabilidade desta estratégia de ensino, importa citar Odília Machado, sendo ela uma professora do 1º Ciclo que utiliza o storytelling na sua prática, obtendo resultados excelentes. Segundo esta professora, “a aprendizagem dos conteúdos programáticos é mais significativa quando a sua abordagem faz-se a partir do conto, reconto e exploração de histórias” (Histórias com e para crianças, p. 2).
Rita, pretendes continuar a investigar na educação? Qual é o próximo passo?
Sim. Penso que na educação, como em qual quer outra área, a investigação assume-se como um processo contínuo que permite a evolução e inovação. Um dos meus maiores receios em relação ao meu futuro profissional é cair na rotina, e daqui a 10 anos continuar a fazer o mesmo e estar desatualizada, por isso quero continuar a investigar, a pesquisar e a aprender.
O “próximo passo” neste momento, tendo em conta a conjetura do país, é um pouco “em falso”, pois não existem muitas perspetivas de emprego e esta área é uma das mais lesadas, pois a oferta e a procura não crescem em proporção. Contudo, a minha esperança é de poder ingressar na área da educação, mostrar o meu trabalho e contribuir para a aprendizagem de muitas crianças. Além disso, como já referi, não me quero limitar ao que já aprendi, quero continuar a receber formação, sendo as áreas de interesse mais imediato, Necessidades Educativas Especiais e Intervenção Precoce.
Parabéns, Rita, e votos de muito sucesso no futuro!
Sem comentários:
Enviar um comentário