2014/02/11

Candidatos a Reitor - Entrevista ao Professor João Luis Gaspar


O "Há Vida no Campus!" iniciou uma série de entrevistas aos
três candidatos ao cargo de reitor da Universidade dos Açores.
Terminamos com o João Luis Gaspar, professor auxiliar
com agregação.
 
1. Quais são as suas prioridades imediatas para este mandato?

A Universidade dos Açores debate-se, presentemente, com problemas muito diversos. Por um lado, penso que é prioritário começar por garantir uma sólida coesão interna para que a instituição se possa concentrar naquilo que é de facto importante e, assim, criar uma imagem consentânea com a natureza e a importância que tem para o desenvolvimento económico e o bem-estar da sociedade. Por outro, importa aumentar a eficiência e eficácia da Universidade em todas as suas vertentes, no sentido de se caminhar para uma instituição sustentável sob o ponto de vista financeiro. 

2. Qual é a sua estratégia no médio-longo prazo? Como vê temas como a tripolaridade, o financiamento da investigação, e o ensino politécnico?

Garantir a coesão da comunidade universitária, melhorar a imagem da instituição, promover a reforma da oferta letiva, dinamizar a investigação científica, proceder à reestruturação orgânica e assegurar um futuro financeiramente sustentável são as principais linhas de orientação do programa estratégico que apresentei para o próximo quadriénio. Nele podem identificar-se as medidas a implementar em cada uma destas áreas e a sua calendarização.

Tal como refiro no plano em causa, a tripolaridade não é, para mim, fonte de qualquer problema, nem constitui tema para qualquer tipo de discussão. A Universidade só tem de saber demonstrar os sobrecustos de um tal modelo de funcionamento e o Governo Regional, como sempre fez, garantirá o respetivo financiamento. Esta forma que tenho de analisar tal matéria não é nova. Foi assim que fiz quando exerci as funções de diretor regional da Ciência e Tecnologia e durante tal período não me lembro que tenha existido qualquer desencontro de números.

Quanto à investigação, o problema é diferente e particularmente crítico quando assistimos à deslocalização de alguns dos nossos melhores grupos para centros de outras universidades. Veja o que se está a passar, por exemplo, no âmbito do Departamento de Ciências Agrárias. Há que criar condições para que a investigação nos Açores se consolide e tal exige, naturalmente, uma maior concertação com o departamento do Governo Regional com competências na matéria. A separação das áreas da Ciência e da Tecnologia na atual estrutura orgânica do governo veio dificultar tal processo, razão pela qual no programa de ação que apresentei discuto tal problema.

No que se refere ao Ensino Politécnico já tive oportunidade de expressar que o mesmo, para além da área da enfermagem, deve ser alargado aos novos Cursos Superiores Especializados. Nas reuniões que tive em ambas as escolas de enfermagem sublinhei que o modelo a adotar para o efeito terá de ser discutido, mas fora de um contexto eleitoral. Para tal, convidarei representantes de todas as partes interessadas, no sentido de se chegar a uma solução de consenso tão alargada quanto possível.

3. Como pretende posicionar a universidade? Que parcerias e alianças lhe parecem mais desejáveis?

A Universidade tem o seu papel a nível regional, nacional e internacional e deve projetar-se para atingir a excelência no ensino e na investigação em todas as áreas em que entenda dever assumir competências para tal. Ao nível das parcerias defendo, no plano estratégico que apresentei, a criação de compromissos estratégicos com o Governo da República, o Governo Regional e o poder local, assim como o desenvolvimento de projetos específicos com diferentes setores da sociedade. Para além dessas, há naturalmente um vasto conjunto de parcerias que podem e devem ser concretizadas com instituições públicas e privadas de diferente natureza quer ao nível do ensino, quer da investigação.

4. Vai haver mudanças na gestão interna da universidade? Na sua estrutura e nos seus órgãos? Se sim, quais.

Pretendo implementar um modelo de governação muito diferente do atual, mais participativo e menos hierarquizado, onde o exercício de funções dirigentes se baseie na concretização de objetivos muito concretos e devidamente calendarizados. Aliás, é neste esquema que se desenvolve o programa de ação que apresentei e da sua leitura facilmente se conclui que a gestão da Universidade assentará na criação de comissões e gabinetes cujas atividades serão escrutinadas regularmente pela comunidade universitária em face dos resultados alcançados.

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