2014/02/06

PERCURSOS: José Matos


Quem é José Matos?
Pergunta de difícil resposta, por que equivale a perguntar-me, “afinal quem sou eu?”, coisa que nem sempre sei bem e que presumo muitos outros não saberão! Mas, se sou, o sítio onde nasci, a minha herança cultural, os lugares por onde andei, a minha família, os meus amigos, por ascendência e por nascimento, pela cultura, esposa e duas filhas, também por eleição, por amor, sou um “luso- angolano-açoriano-jorgense”.

Nasci angolano. Em África fui criado açoriano, no amor do Divino Espírito Santo, no gosto pela tourada à corda, pelas vacas - que comecei a ordenhar tinha sete anos. Sou por vocação um agricultor, pela necessidade tornei-me professor e, curiosamente, em todos os graus de ensino. Descobri-lhe o gosto. Na sala de aula sinto-me feliz!

O que destaca do seu percurso?
Destaco:

- o privilégio que foi nascer em África, crescer no mato, um autêntico jardim do Éden, onde tive por companheiros meninos que partilharam comigo outra cultura, o sua “moamba com funje”, que falavam outra língua, o kimbundu, mestres na “xifuta”, na captura dos “papos celestes” e “bicos de lacre”, no conhecimento da selva e seus espíritos - o nosso jardim infantil!

- o de ter como pai, um açoriano, jorgense, pioneiro, eterno sonhador, homem livre, de palavra, que bem cedo me levou pela mão para junto das vacas e ao seu lado no tractor. Com ele me apaixonei pelo cheiro da terra lavrada de fresco e pelos animais. Muito cedo decidi que lhe queria seguir as pisadas! Acabei em Médico Veterinário!

- a descolonização, que me fez emigrar, depois, regressar às raízes, aos Açores e, afinal, descobrir, por necessidade, outra profissão de que gosto;

- o ter cumprido o serviço militar, obrigatório, como oficial da Força Aérea Portuguesa;

- a oportunidade de me ter doutorado nos EUA, em Produção Animal (Major), em Microbiologia e Imunologia (Minor), enquanto bolseiro da Fulbright e da Nato. Uma experiência única, muito positiva para a minha carreira profissional e a nível pessoal;

- o privilégio de colaborar, ao longo de 36 anos com a Universidade dos Açores, na formação académica de muitas centenas de jovens e de ter orientado cerca de um cento deles, nas suas teses de licenciatura e de mestrado;

- o ter merecido a confiança para desempenhar em dada altura as funções de Vice-reitor e Presidente do Conselho Científico da Universidade dos Açores, e de Director de Serviços de Sanidade Animal e Director do Laboratório Regional de Veterinária.

Onde se vê em 2020?
Bem, em 2020, então com 69 anos e mais de 40 de actividade profissional, espero estar reformado, mas não “parado”! Sem horários, “deadlines”, “burocracias”, “chefias” e sem ter de aturar “endogamias”, etc. Dedicando-me a outras tarefas. Às que me derem prazer!

O que gostaria de fazer, que ainda não conseguiu fazer, mas que vai fazer?
Espero vir a ser, ainda, agricultor, cumprindo assim a minha primeira e grande vocação!

1 comentário:

  1. Um sincero abraço ao Professor Matos, pessoa que me aconselhou e acompanhou em toda a minha carreira e foi júri de TODAS as minhas provas: Licenciatura, APCC, Doutoramento, Nomeação Definitiva e Agregação. Nunca me esquecerei que, em meados de Maio de 1991, estava eu em Mafra a fazer o Curso de Oficiais Milicianos (Infantaria) ter recebido o conselho do Professor Matos para concorrer a uma vaga para Assistente Estagiário no DCA. Em boa hora o ouvi e concorri e entrei.
    Bem haja Professor.
    Um abraço amigo do João Pedro

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