2014/02/04

PERCURSOS: Pedro González

Hoje inauguramos uma nova rubrica no Há Vida no Campus, intitulada "Percursos", com o objectivo de dar a conhecer as pessoas que compõem o Campus de Angra do Heroísmo, nomeadamente dos departamentos de Ciências Agrárias, de Ciências da Educação e da Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo. 

Começamos com o Prof. Pedro González, do Departamento de Ciências da Educação.


Quem é Pedro González?
Sou um Docente, um professor, um “trabalhador intelectual” orientado por um conceito de educação/formação que extravasa o contexto escolar, que abrange uma leitura social, política, não partidária necessariamente. Considero que faço a minha intervenção na “polis” através do que faço na minha profissão, e na minha vida. Defendo uma leitura da educação que assenta na solidariedade ou cooperação (conceitos, se calhar, gastos nos dias que correm), de ter em conta o outro; que assenta também numa aposta na autonomia (valor oposto à obediência), porque acredito nas pessoas. Por isso, aposto em que as pessoas (alunos, docentes) se juntem a reflectir em conjunto sobre a sua profissão, sobre eles próprios e seu papel na sociedade de hoje. Aposto, e confio, como os pais fazemos com os nossos filhos, em que as pessoas podem ser donas de si próprias, encontrar o seu caminho, não depender sempre do “pai”. Por isso, deixo espaço para os outros no que faço, incentivo que os outros façam o que eu sou capaz de fazer, e fazer melhor ainda. Por isso, fui saindo, discretamente, da coordenação do Núcleo Regional do Movimento da Escola Moderna, embora continue apoiando e disponível. Por isso, fui saindo da coordenação do FIPED, embora ainda esteja lá dentro e disponível.

O que destaca do seu percurso?
Se calhar, o que poderia destacar é a coerência das ideias, da caminhada, dos objectivos. E não é fácil. Ser coerente implica, muitas vezes, estar, e ser, ao arrepio dos outros, das ideias-moda, dos valores-moda. Também não é teimosia oca. Procuro é coerência com os valores que defendo, com o que digo, com o que faço, com o que perspetivo. Mas tenho tido sempre, em primeiro lugar, as pessoas.

Onde se vê em 2020?
Na última década aprendi a gerir um outro conceito de tempo. Vejo o tempo “com mais tempo”. Não tenho “urgências”, ou tenho menos. Posso dizer como dizia Pablo Neruda “confieso que he vivido”. Sempre gostei de viajar, e tenho viajado, e desfrutado muito. Sempre gostei de “trabalhar com as pessoas”. Continuo a sonhar o espaço onde vivo que seja melhor (nestes momentos, já não sonho ou sonho menos com “um mundo” melhor. Sonho apenas “um contexto melhor” onde eu posso influenciar) Por isso, em 2020 vão-me encontrar sonhando, viajando, gostando de fazer o que faço, gostando de trabalhar com as pessoas. E espero que, em 2020, abramos melhor os olhos para o mais nefasto do neoliberalismo e avancemos para formas de organização económica e social mais humanas, como alguns dos nossos “ídolos” sonharam.

O que gostaria de fazer, que ainda não conseguiu fazer, mas que vai fazer?
Gostaria de voltar a uma dinâmica mais interessante de trabalho com as pessoas, de formação. A “crise” tem-nos cortado muito as pernas, os projectos, as atividades. Sinto (e sentimo-nos) desperdiçados, sub-desempregados, desaproveitados. Tem que, e pode, ser diferente. Quero continuar, e melhorar, o trabalho em parceria com colegas e universidades estrangeiras. Quero continuar, e melhorar, o trabalho que venho, e vimos, fazendo com outros colegas de refletir sobre as práticas dos professores e melhorar as aprendizagens dos alunos.

3 comentários:

  1. Mais uma excelente iniciativa. Parabéns à equipa do "Há vida no Campus", especialmente ao extraordinário trabalho do colega Rui Luís.
    Muito boa a entrevista com o Pedro, uma pessoa de raras qualidades intelectuais, pedagógicas e muitas mais que não caberiam neste breve comentário.
    Um abraço amigo,
    João Pedro

    ResponderEliminar
  2. Caro professor João Pedro, agradeço o simpático comentário, mas os créditos são divididos com a Fabiola Gil, a quem aproveito para agradecer toda a dedicação a esta causa e casa também.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tem toda a razão caro Rui. Um grande abraço à Fabíola, sempre promovendo o "há vida no Campus".
      Parabéns a toda esta excelente equipa.
      Por mim, estarei sempre ao V dispor,
      JP

      Eliminar