2013/04/15

Contributo da ciência para a gestão sustentável de um recurso - um doutoramento


Maria Helena Guimarães defendeu a sua tese de doutoramento no ramo de Ciências do Ambiente, especialidade em Ordenamento do Território, sob o título "How can science contribute for the sustainable management of natural resource? Praia da Vitória Bay and Guadiana Estuary, a comparative study" no passado dia 5 de abril. As provas foram avaliadas por um júri presidido pelo Senhor Pró-Reitor, Prof. Doutor David Horta Lopes, sendo vogais o Doutor Tomasz Boski, Professor Catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve, a Doutora Maria Teresa Amado Pinto Correia, Professora Auxiliar com agregação da Universidade de Évora, o Doutor Tomás Augusto Barros Ramos, Professor Auxiliar da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, a Doutora Marta Pedro Varanda, Investigadora Auxiliar do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, o Doutor Tomaz Lopes Cavalheiro Ponce Dentinho, Professor Auxiliar com agregação da Universidade dos Açores, a Doutora Helena Maria Gregório Pina Calado, Professora Auxiliar da Universidade dos Açores, a Doutora Emiliana Leonilde Dinis Gil Soares da Silva, Professora Auxiliar da Universidade dos Açores e a Doutora Ana Margarida Moura de Oliveira Arroz, Professora Auxiliar da Universidade dos Açores. O júri aprovou a tese com distinção e louvor por unanimidade.

Helena, como te envolveste na investigação científica? Como surgiu o tema da tua dissertação?

A carreira de investigação é o meu objectivo profissional desde da licenciatura. Como tal, o doutoramento foi uma das etapas deste processo. A carreira de investigação em Portugal é pouco conhecida e valorizada. Contudo, o meu lema é trabalhar para conseguir fazer o que gosto. A atividade laboral ocupa pelo menos 40 horas por semana, como tal, quero passa-las com alegria e vontade. O tema da minha dissertação segue a linha de investigação que me interessa: interação do homem com a natureza, gestão dos recursos naturais, sustentabilidade e ligação da ciência com as restantes esferas da sociedade.

A tua tese chega a algumas conclusões bastante interessantes. Como é que vês a sua aplicação?O meu trabalho baseia-se na interação continuada entre a comunidade científica, gestores e utilizadores dos recursos naturais. Aquilo que investigo é a construção de conhecimento conjunto, para que esse conhecimento tenha significado para todos os envolvidos. Como tal, mais do que o produto final que a minha investigação alcançou, o meu enfoque é o processo, a aprendizagem que daí advém e, a possibilidade de continuação do processo de co construção iniciado.

Desta forma, os resultados primordiais da minha tese de doutoramento são que 1) um processo de co construção é possível, se utilizarmos as ferramentas adequadas e, 2) mediante os desafios atuais, o caminho para a sustentabilidade deve ser feito nesta base. No âmbito da gestão dos recursos naturais é urgente aumentar a interação entre a comunidade científica e os utilizadores dos mesmos recursos para que, em conjunto, sejam encontradas soluções que promovam o bem-estar de todos e a manutenção dos recursos naturais (a base da vida humana).

A tua ligação à Universidade dos Açores não se limitou a este trabalho. Em que outros projectos colaboraste? Há colaborações previstas ou em curso?A minha ligação à Universidade dos Açores começou em 1999 quando estava a decidir a Universidade onde estudar Biologia Marinha. Estive em São Miguel e, durante os meses de verão ajudei um atual amigo no âmbito de um projeto de investigação sobre Vejas. Adorei a experiência mas na altura optei pela Universidade do Algarve pois, as viagens a casa eram bem mais baratas. Em 2004 volto ao Açores, desta vez para trabalhar como voluntária no projeto POPA do Departamento de Oceanografia e Pescas. Outra experiência maravilhosa pelo projeto em si, equipa, contacto com o mar e, com os pescadores açorianos. A ilha Terceira só conheci através do projeto de doutoramento, embora o trabalho com o Grupo para o Desenvolvimento Regional Sustentável tenha começado em 2007. O projeto de doutoramento foi uma aventura e, um momento de aprendizagem importantíssimo. Como sou natural do Porto, de onde parti com 17 anos, começo a acumular uma série de segundas casas. A Terceira é (sem dúvida) uma delas, aqui encontro parte de mim. Atualmente não estou envolvida em nenhum projeto com a Universidade dos Açores, contudo, isso pode mudar a qualquer altura. A área da investigação científica é mesmo assim.

Helena, vais continuar na investigação? Qual é o próximo passo?
Tenho-me esforçado bastante para não interromper a minha carreira de investigação que, para quem conhece o sistema de bolsas de investigação, pode ser difícil. É preciso antecipar o fim de uma bolsa com o início de um novo projeto e, uma nova bolsa. Não somos funcionários públicos , em privados e, quando terminamos uma bolsa podemos ficar desempregados por tempo indeterminado, sem direito a subsídio de desemprego. De forma a antever este cenário preocupei-me em preparar o próximo passo atempadamente. Na atual situação económica, posso dizer que tive a sorte de conseguir. Atualmente sou investigadora Pos-Doc na Universidade de Évora no âmbito do Projecto FarmPath cujo objetivo é o trabalho conjunto, entre investigadores e diversos intervenientes no sector agrícola e atividades ligadas à terra, no delinear de visões para o futuro da atividade na região de Montemor-o-Novo. Estou muito satisfeita por não ter interrompido a minha carreira e, pela oportunidade de interagir com um novo grupo de investigação (www.icaam.uevora.pt) de elevada qualidade profissional e pessoal. Resumidamente estou a criar uma nova segunda casa, esta ainda mais especial pois, será o local onde vai nascer a minha filha.

Parabéns, Helena, e votos de todo o sucesso!

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