Telma Silva
Assistente Social
“Foram dias foram anos a esperar por um só dia” Manuel Alegre.
Foi há 39 anos, que ao ecoar nas
rádios “E Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho, os golpistas assumem as
posições para a primeira fase do golpe de Estado, mas é “Grândola Vila Morena”
de Zeca Afonso (até então proibida por fazer alusão ao comunismo), que dá
início àquela que é conhecida como a Revolução dos Cravos. Foi uma revolução
iniciada pelo Movimento das Forças Armadas, mas onde pela primeira vez não
houve a violência habitual das Revoluções, “em
vez de balas, que matavam, haviam flores por todo o lado, significando o
renascer da vida e a mudança”, as pessoas começaram a juntar‐se nas ruas, solidárias
com os soldados revoltosos, e uma florista distribuiu cravos vermelhos aos
soldados, que depressa os colocaram nos canos das espingardas.
“E o grito que ecoou,
De cravos enfeitado,
Anunciou ao mundo
Um povo libertado!”
António de Almeida
A mudança não se efetuou num dia, foi necessário, tempo, coragem,
empenho e sacrifício, “as nossas dificuldades
presentes, vão agravar-se no futuro próximo (…). Mas elas são uma prova e uma
oportunidade. Se formos capazes do sacrifício necessário para as superar, então
poderemos considerar-nos dignos do nome de povo livre e de Nação independente” António
José Saraiva
Jessica Rocha
Estudante
"Foi o dia em que me apercebi, pela primeira vez,
que a vocação dos portugueses não era aquela que me estavam a ensinar."
António Félix Rodrigues
Docente
"O 25 de Abril foi uma revolução. E as revoluções, tal
como a que estamos a viver agora com a reestruturação do Estado Social e o fim
das mordomias das empresas e concessões públicas, devem ter benefícios líquidos
positivos mas têm normalmente custos nos curto e médio prazo. Foi isso que
aconteceu no 25 de Abril, como anos antes no 28 de Maio, no 5 de Outubro e nas
várias revoluções por onde temos passado, normalmente com perdas em relação aos
estados e países que souberam mudar instituições sem revoluções. É pena que
continuemos a ter medo das mudanças e que aceitemos as catástrofes."
Tomaz Dentinho
Docente
"Os momentos a que chamamos de "revolução" consistem geralmente em períodos relativamente curtos, que originam uma quebra dos equilíbrios de poder existentes. Mas na situação de desequilíbrio que se gera, segue-se um processo em que diversas forças procuram ocupar o vazio de poder que entretanto surge. Neste contexto, as forças que originam a revolução acabam por vezes por dar origem a sequências de eventos e de redistribuição do poder sobre os quais já não têm total controlo (ou por vezes nenhum mesmo), e a questão que se coloca é como obter um consenso entre os diversos intervenientes que surgem na nova redistribuição de poder.
O 25 de Abril foi um momento onde se verificaram estas características, típicas destes processos. E entre os vários movimentos que surgiram, o consenso que emerge é no sentido da instalação de uma democracia, onde existisse liberdade. Mas "liberdade" e "democracia" não significam apenas uma liberdade formal, caracterizada meramente pela proliferação de partidos políticos. Devem significar antes uma liberdade substantiva, assegurada por estruturas ao nível da educação, saúde, segurança social, e justiça, que garantem as condições para a existência de oportunidades reais, e não meramente nominais.
No contexto actual, mesmo este consenso, gerado no 25 de Abril, começa a ser colocado em causa. E com ele, a possibilidade de uma democracia real, e não meramente nominal, ou aliás, ilusória. Neste contexto, torna-se necessário reflectir sobre o próprio significado de "democracia" e "liberdade", palavras muitas vezes repetidas aquando das comemorações do 25 de Abril."
Nuno Martins
Docente
Sem comentários:
Enviar um comentário